quarta-feira, 15 de outubro de 2014

15 de Out. dia de Santa Teresa de Jesus

"Tudo que se tem a dizer sobre Teresa Sanchez Cepeda D'Ávila y Ahumada é extraordinário. Ela viveu e ensinou a oração pessoal como sendo a busca de uma intimidade maior com Deus. Escreveu como um poeta, cantando as glórias do Senhor do Céu e da Terra, depois de ter convivido misticamente com Ele. Reformou e aperfeiçoou o estilo de vida religiosa. Foi doutora em matéria de religião e de religiosidade. Ultrapassando os limites de si mesma, ela foi mais além: foi Santa. E uma grande Santa. Por isso mesmo é que ela é chamada de Teresa, a Grande."



Teresa D'Ávila, Teresa de Jesus ou Teresa, a Grande, nasceu na região de Castela (Espanha), em Ávila, uma cidade medieval cercada por muralhas de pedras grandes e claras que se tornam douradas quando o sol está se pondo. Ela era a terceira filha do casal Alonso Sanchez Cepeda com Beatriz D'Ávila y Ahumada e tinha vários irmãos, porque Dom Alonso teve três filhos em um primeiro casamento e outros nove de seu casamento com Dona Beatriz. Era da pequena nobreza. Nasceu em 28 de março de 1515.
A reforma do Carmelo e sua experiência metódica da oração pessoal na busca de uma intimidade com Deus formam seu maior legado deixado para os fiéis da Santa Igreja.
Desde menina Teresa gostava de ler história da vida de santos. Acompanhava-lhe neste gosto seu irmão Rodrigo que tinha idade próxima da dela. Os dois admiravam em conjunto a coragem e heroísmo dos santos na luta pela conquista da gloria eterna. E porque os admirava, os dois tinham seus pensamentos sempre colocados na eternidade onde os bem-aventurados já viviam.
Ao conhecer a vida dos mártires, julgaram que eles tinham conseguido ir para o céu com muita facilidade. Estavam tão certos disso que decidiram partir para o país dos mouros: ali, com certeza, seriam martirizados, morreriam defendendo a fé e estariam logo no céu, mais facilmente que de qualquer outro modo...
Então os dois decidiram fugir de casa. Pediram a Deus que lhes concedesse a graça de dar a vida por Cristo e partiram a procura de quem os martirizasse.A aventura das duas crianças durou pouco. Estavam ainda próximo de Ávila, em Adaja, quando foram vistos por um de seus tios que as conduziu novamente para junto da aflita mãe.
A culpa de tudo recaiu sobre Teresa. Quando foram repreendidos pela mãe, Rodrigo acusou a irmã de ter sido a idealizadora do plano frustrado. Mas os dois não se separaram e nem esqueceram seu ideal: eles resolveram viver como eremitas. Sem nunca conseguir, pensavam construir suas celas nos jardins da casa e lá viver na solidão.
Dona Beatriz morreu quando Teresa tinha quatorze anos: "quando me dei conta da perda que sofrera, comecei a entristecer-me. Então me dirigi a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua filha", disse ela. Aos quinze anos Dom Alonso levou Tereza para estudar no Convento das Agostinianas de Ávila.
Um ano depois, seu pai foi buscá-la. Uma doença a impedia de continuar vivendo ali. Por essa ocasião foi que a jovem viu nascer em seu coração uma forte atração para a vida religiosa passando a pensar seriamente nisso. Mas ela tinha dúvidas quanto a decisão a tomar. A vida religiosa a atraia e assustava, ao mesmo tempo.
Foi a leitura das "Cartas", de São Jerônimo que lhe ajudou na decisão. Ela comunicou seu desejo ao pai e ele recomendou que a filha aguardasse a morte dele para depois procurar um convento. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Numa madrugada, tendo já 20 anos, a futura santa fugiu para o Convento de La Encarnación, em Ávila, com a intenção de não voltar mais para casa.
E Teresa ficou no Convento da Encarnação. Dom Alonso viu que sua vocação era séria e não mais colocou objeção à entrada dela na vida religiosa. Um ano depois de sua entrada no Carmelo, ela emitiu seus votos, tornando-se Carmelita.
Uma grave enfermidade fez com que seu pai a levasse de volta para casa afim de que pudesse ser tratada de uma enfermidade que novamente lhe havia atacado. Mas os médicos não conseguiram debelar a doença que logo se agravou. Teresa suportou aquele sofrimento, graças a um livrinho que lhe fora dado de presente por seu tio Pedro: "O terceiro alfabeto espiritual", de autoria de um Padre chamado Francisco de Osuna. Ela seguiu as instruções do pequeno livro que a introduziu na pratica da oração mental.
Depois de passar três anos em casa, ela recuperou a saúde e retornou ao Carmelo. Levou consigo as ideias contidas no livreto do Padre Francisco.
Costumes inconvenientes e nada edificantes espalharam-se pelos conventos espanhóis da época de Teresa. Um desses costumes era de que as religiosas podiam receber todos os visitantes que desejassem, a qualquer hora. Teresa também foi vítima desse costume: passava grande parte de seu tempo conversando no locutório do mosteiro.
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Isto a levou ao descuido com as orações, sobretudo descuidava-se da oração mental. Muitas vezes ela encontrava desculpas para esse relaxamento em suas enfermidades. Suas doenças justificariam suas falhas nesse ponto ou... a impediam de meditar. E isso ela praticava sem susto nenhum. 
Foi o confessor de Teresa que lhe mostrou o perigo em que se encontrava sua alma e aconselhou-a a voltar à prática intensiva das orações. Embora ainda não tivesse decidido a entregar-se totalmente a Deus, levando uma vida de contemplativa, e não tivesse renunciado totalmente as horas que passava no locutório, conversando e trocando presentes com seus visitantes, ela acatou o conselho de seu confessor e deu mais atenção à vida de oração, voltando a meditar. 
Com o novo modo de vida de oração, ela acabou, aos poucos compreendendo seus defeitos e como era "indigna". Por isso invocava com frequência grandes santos penitentes, sobretudo Santo Agostinho e Santa Maria Madalena. A eles estão associados dois fatos que foram decisivos na vida da santa.
O primeiro deles foi a leitura das "Confissões" do Bispo de Hipona. O segundo foi um chamado à penitência que ela sentiu quando rezava diante de um quadro representando a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Senti que Santa Maria Madalena vinha em meu socorro ... e desde então progredi muito na vida espiritual", afirmou Teresa.
Ela sentia-se muito atraída pelas imagens de Cristo ensanguentado, em agonia. Em certa ocasião, estando aos pés de um crucifixo que trazia marcas das chagas de Cristo e muito sangue, ela perguntou: "Senhor, quem vos colocou aí?" E pareceu-lhe ouvir uma voz que vinha do crucificado: "Foram tuas conversas no parlatório que me puseram aqui, Teresa".
Ela chorou muito e a partir de então não voltou a perder tempo com conversas inúteis e com as amizades que não a levavam à santidade. Era uma mudança de vida radical, "orientada" pelos céus, algo muito próprio para quem iria tornar-se uma das maiores místicas da Igreja.
Em sua vida, o recolhimento, a atividade e as dificuldades eram inseparáveis. Na última de suas fundações, o mosteiro de Burgos, as dificuldades não diminuíram. Quando o convento já ia com suas obras adiantadas, em julho de 1582, Santa Teresa tinha intenção de retornar a Ávila. Porém foi forçada a mudar seus planos e dirigindo-se para Alba de Tormes. Pretendia visitar a duquesa Maria Henríquez. A viagem não estava bem programada e a Santa estava tão fraca que desmaiou no caminho. Chegando a Alba, Teresa piorou.
Três dias depois ela disse à Beata Ana de São Bartolomeu, sua acompanhante na viagem: "Finalmente, minha filha, chegou a hora de minha morte".
O Pe. Antônio de Heredia foi quem ministrou-lhe os últimos sacramentos. Quando ele levou-lhe o viático, a Santa conseguiu erguer-se do leito e todos ouviram quando ela exclamou: "Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!" Pouco depois, os que estavam em torna de seu leito puderam ouvir sua última frase: "Morro como filha da Igreja".
Eram 9 horas da noite do dia 4 de outubro de 1582. Como exatamente no dia seguinte efetuou-se a mudança para o calendário gregoriano, sendo suprimidos dez dias na contagem dos anos, a comemoração de sua morte foi fixada para o dia 15 de outubro. Ela foi sepultada em Alba de Tormes, onde repousam suas relíquias.
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Em 1614 foi beatificada pelo Papa Paulo V. Em 1622 foi canonizada por Gregório XV. O Papa Paulo VI, em 27 de setembro de 1970 proclamou Santa Tereza como Doutora da Igreja.
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Santa Teresa de Ávila é uma das maiores personalidades da mística católica de todos os tempos, sendo considerada como um dos maiores gênios que a humanidade já produziu. Ateus e livres-pensadores se veem obrigados a enaltecer sua viva e penetrante inteligência; reconhecem a força persuasiva de seus argumentos, bem como seu estilo vivo e atraente, além de seu profundo bom senso.
O grande Doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório, tinha Santa Teresa em tão alta estima que a escolheu como patrona, e a ela consagrou-se como filho espiritual, enaltecendo-a em muitos de seus escritos. (JSG)

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